Para entendermos o conceito de cura na MTC, temos que entender o conceito de Qi ou Chi (Ki em japonês), que não existe na medicina ocidental.
Qi é próprio de todos os seres vivos. Por exemplo, quando há uma fractura óssea, o médico faz o alinhamento do osso e imobiliza-o. O organismo daquela pessoa “sabe” como regenerar o tecido ósseo, na sua anatomia e fisiologia plena. Esse mecanismo que é próprio de seres vivos é o que a MTC denomina QI.
A Qi é resultante de dois elementos que existem no universo como um todo: o Yin e o Yang. O princípio do Yin e do Yang é a base de todo o universo.
Estes dois pólos regem-se por 5 princípios:
- Ciclicidade (tudo na vida segue um ciclo);
- Dualidade/Polaridade (dois pólos – Yin e Yang);
- Hierarquia (Yang fecunda, Yin gera – o Yang é associado ao Sol e ao masculino e o Yin à Lua e ao feminino);
- Relatividade (dentro de um grande Yang existe um pequeno Yin e dentro de um grande Yin existe um pequeno Yang);
- Totalidade (não há um todo sem as partes nem as partes sem um todo).
Ao observar a natureza, os antigos chineses deduziram que tudo no universo tem duas polaridades: o Yin e o Yang.
Embora o Yin seja associado ao negativo e o Yang ao positivo, não existe uma conotação de bom ou mau, são polaridades dos fenómenos da natureza que se relacionam mutuamente e que se complementam. O Yin não pode existir sem o Yang e vice-versa. São pólos extremos, opostos mas dentro do Yin e do Yang está incluída a sua parte oposta, ou seja, dentro da natureza Yang, está o Yin.
Há um movimento cíclico e contínuo destes dois elementos: quando o Yin chega ao seu potencial máximo começa a transformar-se em Yang. Um exemplo claro desse conceito é o Yin como Noite e o Yang como Dia. O dia não pode existir sem a noite, eles fazem parte do mesmo fenómeno, e complementam-se. Quando a noite chega ao seu potencial máximo, meia-noite, o Yin começa a transformar-se em Yang (dia); este ao atingir o seu limite (meio-dia) começa a transformar-se em Yin, assim o ciclo é mantido. Entre os extremos (meia-noite e meio-dia) existem as fases intermédias. Poderíamos exemplificar também com as fases do ano, sendo o inverno o Yin e o verão o Yang.
Com esse conhecimento os antigos chineses sabiam quando plantar e colher. Observando a natureza, deram origem à filosofia Taoísta (mencionada no tópico anterior – Os Princípios da Medicina Chinesa) que, de forma pragmática, servia para interpretar tudo no universo. Assim no Tao, o Universo é formado por duas partes opostas, Yin e Yang.
No organismo vivo, se o Yin se separar do Yang, termina a vida. O alimento é Yin (matéria) o metabolismo é Yang (energia).
O desequilíbrio entre o Yin e o Yang gera a doença, esse movimento existe no corpo, um transformando-se no outro de forma harmónica. Durante o dia predomina o sistema simpático que propicia actividade (Yang), à noite há um predomínio do parassimpático, proporcionando repouso (Yin). Isto acontece de forma interdependente, um contido no outro, visto que, se necessário, o Yin pode estar durante o dia para repouso e regeneração e o Yang aparecer à noite para actividade e luta.
O corpo constitui um todo, físico e mental, integral, formado de Yin e Yang. Na sua fisiologia a função é Yang e as substâncias são Yin, sem substância nutritiva não se produz energia. Sem energia não se pode obter o Yin que vem da nutrição. Se ocorrer predominância de Yin ou de Yang por causa de certos factores de adoecimento, há como consequência alterações fisiológicas que se transformam em processo patológico entre a desarmonia do Yin e do Yang. A deficiência de Yin apresenta-se com calor no corpo e agitação enquanto deficiência de Yang apresenta-se com frio corporal, adinamia. As doenças, por mais complicadas que sejam, as suas manifestações clínicas serão da desarmonia do Yin e do Yang, podendo-se sintetizar em síndromes com características Yin ou Yang. Se na inspecção da pele há cor clara ou vermelha, indica Yang, se for cor opaca e pálida é Yin, se a voz é alta, forte, indica Yang, se a voz for baixa e respiração fraca, indicam Yin, se o pulso estiver acelerado, forte tem característica Yang; o pulso filiforme, fraco, lento tem características Yin.
Para tratar a hiperactividade de Yang devido a deficiência de Yin temos que ter técnicas para nutrir o Yin e acalmar o Yang. Enfim, temos que sedar o excesso e tonificar a deficiência com a finalidade de mudar o anormal e recuperar o estado de equilíbrio Yang e Yin.
Os nossos órgãos também são Yin ou Yang conforme as suas características.
Os órgãos compactos e vitais são Yin (órgãos Zang):
Fígado, Coração, Baço/Pâncreas, Pulmão, Rim.
Os órgãos ocos e externos, ou seja, não protegidos pela caixa toráxica são Yang (órgãos Fu):
Vesícula, Intestino Delgado, Estômago, Intestino Grosso, Bexiga.
Os próprios meridianos principais (12) que terão brevemente um tópico próprio são divididos em Yin e Yang sendo que 6 são Yin e os restantes 6 Yang.
Estes dois pólos subdividem-se em cinco elementos: água, fogo, metal, madeira e terra. O homem, sendo um produto do céu e da terra pela interacção do Yin (terra) e do Yang (céu) também contém portanto estes cinco elementos que serão explicados também noutro tópico.
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